sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A pedido do nosso ex-camarada alferes Macedo, da Companhia de Caçadores 2311, transcrevo a informação por ele enviada através de e-mail para ser publicado no nosso blogue.


 
Caro amigo Catalo:

Fui um dos primeiros Ex-Combatentes a saber deste trágico acontecimento através de um Colega que trabalhou no Banco BPI e que tinha sido Alf. Milº.do B.CAÇADORES 2871.
Na altura foi uma conversa informal num intervalo de uma Reunião de Trabalho do Banco. Confesso - já passaram muitos anos - não "liguei" muito e só mais tarde e após contactos c/ outro Ex-Combatente, de nome Santos da cidade da Maia/Porto - do mesmo BCAÇ. 2871 - e que possuía a Especialidade de Trams me contou, via Tlm, toda a tragédia e foi franco ao dizer que houve demasiada imprudência e muito descuido que criou as possibilidades para uma Emboscada bem preparada pelo In. numa Zona com "boas" condições para este tipo de Operações. Os resultados foram infelizmente muito graves e os Camaradas vivos jamais poderão esquecer tal situação.
Queria testemunhar que quando o n/ Batalhão foi "colocado" no Ambriz o 1º. Grupo de Combate a assumir a segurança no Capulo foi o 1º. da CCAÇ 2311.
Tomei bem nota das palavras do Capitão Braga, do Bat. que rendemos, e que também era de Braga me ter dito que o Ambriz e toda a zona envolvente era pacifica, mas todo o cuidado era muito importante.
Sobre o Capulo estivemos lá 45 dias e confesso que foram os melhores tempos de toda a Comissão. Praia, Caça e Pesca à Granada, assim como procura de Lenha.
No trajecto entre o Capulo-Ambriz existia uma Zona bem identificada - tipo Zona de Morte - que, na verdade, reunia óptimas condições p/ o In. nos Emboscar e daí obter sucesso.
Sem pretender ser imodesto as ordens foram sempre muito precisas, i.e. naquela Zona o 1º. Unimog - dito Burro de Mato - entrava na referida Zona e o 2º. aguardava e só após a ultrapassagem do 1º. é que o 2º. entrava na dita Zona, enquanto o 1º. aguardava já parte superior da "Picada" p/ posteriormente prosseguir o percurso. As viaturas faziam o trajecto sempre a curta distância e bem à vista. As Armas G3 sempre bem apontadas às bermas e com a máxima atenção e concentração. Tivemos o cuidado de colocar no "Terreno" as melhores práticas operacionais para enfrentar uma Guerra de Guerrilha em que não vemos o In. e o mesmo "não dá a cara" e que possuía uma "Arma" muito poderosa que era a forte paciência para esperar e conhecer como ninguém o "Teatro de Operações". Nós possuíamos outra inteligência, mais destemidos e corajosos. Sei que fomos rendidos pelo 2º.Grupo da m/ Companhia e mais tarde por Grupos de outras Companhias - caso da 2309 - e felizmente não tivemos problemas e agora chegamos à conclusão que o n/ comportamento foi não só importante como provavelmente fundamental. Bem haja a todos os Ex-Combatentes do BCAÇ. 2833 e honra e glória aos que já não estão connosco no "Reino dos vivos".
Um Abraço amigo e muito sentido para todos.
J. Macedo - Ex- Alf. Milº. da 2311

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