domingo, 11 de outubro de 2009

CAPULO




O Capulo era uma área pertencente à fazenda Tentativa (se não estou em erro)mas que apenas se dedicava á exploração do sal, visto ficar muito perto do mar.
Era um destacamento que não tinha luz eléctrica e por isso a nossa iluminação nocturna era feita por petromax. O resultado era de que diariamente se partiam vidros que teriam de ser substituídos mas que o o responsável da minha companhia, Capitão Ramalho, queria que fosse eu a pagar, retirando estas verbas da alimentação dos meus homens. Mais um problema que eu tive e por isso sempre que eu tinha necessidade de material para beneficio do destacamento pedia ao Major Costa e Silva.

Neste destacamento, (situado a poucos Kilómetros do Ambriz)constituído por uma grande casa colonial com vista para as salinas e para o mar, não tinha casa de banho, nem água canalizada(o que nos obrigava a ir a um poço que estava um pouco distante da casa, duas vezes ou mais buscar água com auto-tanque correndo os riscos próprios de uma zona de guerra)nem luz como referi ao princípio.
Conseguimos fazer uma ligação de água do poço para um depósito existente no telhado da casa, o mesmo foi testado mas quando fui rendido ainda não tinha o motor que fazia a captação da água para um depósito intermédio, uma vez que devido ao declive existente a água corria directamente para o depósito. Em relação á casa de banho a mesma foi construida no local onde estava o posto de rádio, instalando o posto de rádio noutro local.
Em relação à luz eléctrica esperávamos uma peça que teria de ir de Lisboa para que o gerador existente mas abandonado pudesse funcionar.
Não posso de deixar de realçar que é, o de não termos tido qualquer problema durante esta nossa missão neste destacamento o mesmo não acontecendo ao batalhão que nos foi render.
Também aqui não deixei de ter mais um caso sendo obrigado a apresentar-me no comando para me justificar.
Eu não gostava que saissem à noite para caçar, ( embora não sendo eu o comandante do pelotão,na falta deste e como o mais velho assumia o seu comando). Acontece que tinha dois Furrieis comigo na altura, Moita da Cruz e Tranquada que tanto me aborreceram que eu acabei por autorizar, companheiros para a caça não faltavam pois havia muitos voluntários. Cerca das 3 horas da manhã sou acordado com tiros vindos do exterior, pensei que estava a ser atacado e com homens na rua, mas com meu espanto vejo os homens que foram á caça eufóricos pois haviam morto 3 pacaças(assemelham-se a vacas). Fiquei muito preocupado e aborrecido pois não sabia o que fazer a tanta carne, uma vez que só tinha duas arcas frigoríficas para ter congelados para 30 homens. O resultado foi ter obrigado os "caçadores" a levarem duas das pacaças ao Ambriz, uma para a CCS e outra para a minha Companhia.
O Comando teve conhecimento e mandou avisar o posto de controle do Capulo/Ambriz que me devia apresentar no comando.
Sempre com a sorte do costume sou recebido pelo 2º Comandante Sr. Major Costa e Silva que me passou um correctivo,( note-se que havia uma norma imanada pelo Governador Geral de Angola de que era proíbido caçar para não acabar com as espécies), e recomendando-me o seguinte:
Se o nosso Comandante te chamar diz que foste á lenha e que as pacaças atacaram a viatura. Nunca cheguei a ser chamado.

LOGE




















Esta jangada servia para transportar pessoas e veículos da margem do Ambriz para a margem da Fazenda do Loge. No meu tempo, apenas era usada por veículos da fazenda e as nossas próprias viaturas. Já que havia sido construida uma estrada alcatroada para Ambrizete,passado por Freitas Morna.




































A Fazenda do Loge tinha esta denominação por estar situada junto ao rio com o mesmo nome.Era uma fazenda que pertencia à Sociedade Agricola do Cassequel, uma das grandes empresas pertencentes ao Grupo Espirito Santo em Angola.
Esta fazenda era importante porque além da fábrica de descasque do fruto da palmeira produzia também o óleo de dêm-dêm destinado a alimentação. Era importante também porque faziam a criação de gado. Lembra-me de uma vez um avião de grande porte tipo Nord Atlas ter transportado um casal de bois cuja raça não me lembra mas que têm uma corcova no cachaço. Eram dois belos animais que se destinavam a fazer criação.

A fazenda era tão grande que dava perfeitamente para um avião do tipo Nord Atlas poder aterrar sem dificuldade.
Periodicamente este gado eram desinfectado, para isso existiam tanques cheios de água com o produto por onde passavam os animais. Depois ficavam recolhidos num local, antes de irem para as pastagens.
Pastagens não faltavam como é natural. Esta fazenda tinha uma população branca que vivia dentro da fazenda, no entanto fora da mesma havia uma Sanzala com bastantes pessoas.

Havia também trabalhadores (bailundos)vindos do Sul de Angola para tarefas sazonais. tal como aqui, a maioria dos trabalhadores que laboravam nas fazendas do café vinham anualmente do Sul de Angola.
Houve duas coisas que me aconteceram nesta fazenda, uma foi a de ter aprendido a conduzir, pois tinha viaturas à minha disposição e não havia o perigo de bater, uma vez que eu ia apreender para um local da fazenda onde não havia vegetação e era uma grande pista, pois após o período das chuvas ficavam grandes extensões de terra que secava e fazia grandes áreas secas.

A outra foi o ter-me sido levantado um processo disciplinar(que não teve consequências graças a uma pessoa que sempre me apoiou, o Sr. Major Costa e Silva, 2º. Comandante do Batalhão) porquê? porque eu autorizei a venda, na cantina da tropa, de cerveja mais barata de que o Gerente da fazenda vendia, isto é, eu vendia a 2$50 e na cantina da fazenda

eram vendidas a 7$50 o resultado foi o Sr. Engenheiro ter feito queixa de mim e logo a nível da Região Militar de Angola e não ao nivel de Batalhão como deveria ter sido feito.
Foi muito bom termos estado neste destacamento mas com alguns sobresaltos não de guerra mas administrativos. Porquê? porque eu tive sempre a mania(chamavam-me o furriel "reguila")porque eu sempre gostei de comer bem e por conseguinte gostava que os que estavam comigo comessem bem também. Fazia ementas diárias sempre diferentes só que ao fim da 2ª. semana já estava com saldo negativo(tinha 20$50 para dar de comer a cada homem). O Sr. Major que tinha ido fazer uma auditoria ao destacamento avisou-me que se eu continuasse assim teria de repôr o dinheiro em falta. Resultado, eu que não gostava que fossem à caça autorizei que o fizessem de modo a eu edireitar as contas. O resultado foi bom porque depois já sobrava dinheiro que semanalmente era gasto na compra de camarão para passarmos a tarde de domingo. Atenção que as bebidas eram da responsabilidade de cada um de nós.

As contas foram de tal maneira organizadas que até nos dávamos ao luxo de comer leitão assado confeccionado pelo nosso cabo cozinheiro Abreu.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

OUTRAS FOTOGRAFIAS


Esta fotografia foi tirada em 15/02/68 no Grafanil.


























GUERRA











FREITAS MORNA



O Destacamento de Freitas Morna ficava situado na estrada que ligava Luanda a Ambrizete, muito próximo do Ambriz e de um outro Destacamento do qual já falei e que era o LOGE.


Este destacamento era um posto de controlo e servia também para vigiarmos uma ponte que ficava junto do mesmo.


Também daqui tenho algo para contar. Este destacamento era reabastecido de 15 em 15 dias, tempo demasiado para comer pão fresco, coisa que todos nós gostávamos mas que passados estes dias ficava cheio de bolor. Embora sabendo que ia ser criticado pois os meus rapazes diziam que nos destacamentos só nós trabalhávamos e os outros gozavam daquilo que tinhamos feito, perguntei se haveria alguém que soubesse fazer fornos. A resposta, sim, foi rápida, dada por alguns dos meus companheiros e após pedir os respectivos materiais e logo que os mesmos nos foram entregues começámos a construção do nosso forno. Deixámos de trazer carcaças e começámos a trazer farinha, depois coziamos pão quási todos os dias(pois além de um cozinheiro profissional tinhamos também um padeiro, profissões que já tinham antes de irem para a tropa)e ao mesmo tempo servia também para assarmos as nossas peças de caça .


Como sabem eu era avesso a irem á caça mas depois habituei-me e dava jeito comer carninha assada. Era só ter fome e ir ao forno cortar um pedaço de carne pois estava sempre um tabuleiro com ela. Sobre a carne assada e outros assuntos vou criar uma outra rubrica a que chamarei "curiosidades".

ROÇAS










































































































Durante a nossa permanência na guerra as deslocações para o mato eram uma constante e por vezes havia necessidade de ir render outras companhias do batalhão que tinham de ir para outros lados daí a nossa ida para o Mucondo e por sua vez a deslocação a estas Roças para dar protecção aos trabalhadores que andavam na apanha do café.

MUCONDO





































LUICA











MEIOS AÉREOS
















Alguns meios áereos de transporte utilizados pelos militares nas suas desclocações, sejam elas de lazer(caso dos táxis aéreos) ou militares (helicópteros ou Nord Atlas)