domingo, 11 de outubro de 2009

LOGE




















Esta jangada servia para transportar pessoas e veículos da margem do Ambriz para a margem da Fazenda do Loge. No meu tempo, apenas era usada por veículos da fazenda e as nossas próprias viaturas. Já que havia sido construida uma estrada alcatroada para Ambrizete,passado por Freitas Morna.




































A Fazenda do Loge tinha esta denominação por estar situada junto ao rio com o mesmo nome.Era uma fazenda que pertencia à Sociedade Agricola do Cassequel, uma das grandes empresas pertencentes ao Grupo Espirito Santo em Angola.
Esta fazenda era importante porque além da fábrica de descasque do fruto da palmeira produzia também o óleo de dêm-dêm destinado a alimentação. Era importante também porque faziam a criação de gado. Lembra-me de uma vez um avião de grande porte tipo Nord Atlas ter transportado um casal de bois cuja raça não me lembra mas que têm uma corcova no cachaço. Eram dois belos animais que se destinavam a fazer criação.

A fazenda era tão grande que dava perfeitamente para um avião do tipo Nord Atlas poder aterrar sem dificuldade.
Periodicamente este gado eram desinfectado, para isso existiam tanques cheios de água com o produto por onde passavam os animais. Depois ficavam recolhidos num local, antes de irem para as pastagens.
Pastagens não faltavam como é natural. Esta fazenda tinha uma população branca que vivia dentro da fazenda, no entanto fora da mesma havia uma Sanzala com bastantes pessoas.

Havia também trabalhadores (bailundos)vindos do Sul de Angola para tarefas sazonais. tal como aqui, a maioria dos trabalhadores que laboravam nas fazendas do café vinham anualmente do Sul de Angola.
Houve duas coisas que me aconteceram nesta fazenda, uma foi a de ter aprendido a conduzir, pois tinha viaturas à minha disposição e não havia o perigo de bater, uma vez que eu ia apreender para um local da fazenda onde não havia vegetação e era uma grande pista, pois após o período das chuvas ficavam grandes extensões de terra que secava e fazia grandes áreas secas.

A outra foi o ter-me sido levantado um processo disciplinar(que não teve consequências graças a uma pessoa que sempre me apoiou, o Sr. Major Costa e Silva, 2º. Comandante do Batalhão) porquê? porque eu autorizei a venda, na cantina da tropa, de cerveja mais barata de que o Gerente da fazenda vendia, isto é, eu vendia a 2$50 e na cantina da fazenda

eram vendidas a 7$50 o resultado foi o Sr. Engenheiro ter feito queixa de mim e logo a nível da Região Militar de Angola e não ao nivel de Batalhão como deveria ter sido feito.
Foi muito bom termos estado neste destacamento mas com alguns sobresaltos não de guerra mas administrativos. Porquê? porque eu tive sempre a mania(chamavam-me o furriel "reguila")porque eu sempre gostei de comer bem e por conseguinte gostava que os que estavam comigo comessem bem também. Fazia ementas diárias sempre diferentes só que ao fim da 2ª. semana já estava com saldo negativo(tinha 20$50 para dar de comer a cada homem). O Sr. Major que tinha ido fazer uma auditoria ao destacamento avisou-me que se eu continuasse assim teria de repôr o dinheiro em falta. Resultado, eu que não gostava que fossem à caça autorizei que o fizessem de modo a eu edireitar as contas. O resultado foi bom porque depois já sobrava dinheiro que semanalmente era gasto na compra de camarão para passarmos a tarde de domingo. Atenção que as bebidas eram da responsabilidade de cada um de nós.

As contas foram de tal maneira organizadas que até nos dávamos ao luxo de comer leitão assado confeccionado pelo nosso cabo cozinheiro Abreu.

2 comentários:

  1. Que grandes saudades que sinto desse tempo! Tenho a certeza que até os nativos sentem a falta desse tempo que não volta!

    Feliz Natal

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  2. Eu estive no Ambriz íamos afazenda do lote jogar a bola também no destacamento do Freitas mornas passei o natal 70/71 grandes amizades da juventude.

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